quarta-feira, 9 de abril de 2008

REUNI e repressão


Desde que se instala a crise estrutural do capitalismo mundial, sob os escombros do "Estado de Bem Estar Social" que havia se instaurado no pós-2ªguerra, inaugura-se uma nova etapa na economia mundial, esta etapa é o Neoliberalismo. Esta época tem por característica uma necessidade de abertura de inúmeros mercados, o que gerou e vem gerando, além das guerras, uma série de privatizações dos bens e serviços públicos, que antes eram garantia do Estado.


A Universidade não ficou de fora desse processo, pois possui uma função estratégica em nossa sociedade. É ela a responsável por grande parte da produção de ciência e tecnologia, e, portanto, é alvo de uma série de interesses econômicos. Na UFAL, por exemplo, temos hoje boa parte das pesquisas sendo financiadas por empresas privadas, como a Petrobrás, Eletrobrás, Nokia, os Usineiros do estado, dentre outros. Essas empresas investem muito dinheiro em laboratórios, equipamentos e bolsas de pesquisa, mas giram o investimento gerado para seus capitais privados, fazendo com que a Universidade não cumpra o papel de produzir ciência para as necessidades das pessoas que a financiam com seus impostos, em especial o povo pobre. Além disso temos hoje a abertura indiscriminada de cursos de especialização pagos em diversas Unidades Acadêmicas da UFAL, desrespeitando seu caráter público.


É diante de um quadro de sucateamento e privatização que vêm a Reforma Universitária. Esta Reforma nada mais é do que um conjunto de leis que visa tirar do Estado a responsabilidade pela educação pública, impondo uma estrutura que serve ao mercado, que necessita de uma mão de obra cada vez mais barata e acrítica. A face mais recente dada à Reforma é o REUNI, o programa de apoio à planos de expansão e reestruturação das Universidades Federais. Este plano impõe, sob pena de corte de verbas, um aumento de 80% do número de estudantes sem contratação de novos professores ou ampliação de estrutura física, além de aumento da taxa de conclusão para 90% nos cursos.


O REUNI foi aprovado na grande maioria das Universidades Federais do Brasil sob forte repressão por parte das reitorias, que contaram com a ajuda das Polícias Militar e Federal, onde estudantes foram espancados. Não houve nenhum debate aberto com a comunidade acadêmica nestas Universidades, ou seja, o REUNI passou como um trator por cima da democracia nestas instituições. Aqui na UFAL não foi diferente. Apanhamos da segurança patrimonial da Universidade, e, revoltados, montamos um acampamento de 7 dias no hall da reitoria. Não vamos ficar calados e continuaremos lutando por uma Universidade sempre pública gratuita e de qualidade.


>> Eduardo B. Loeck, estudante do 5° ano de Arq&Urb da UFAL, integrante da gestão 2007/2008 “Construindo Espaços pra Abrigar a Esperança”.

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